Revolucionárias | Bia Granja, a moça da web

Pioneira em cultura de internet no Brasil, ela estabeleceu a ponte entre os criadores de conteúdo e o mercado

30.10.2017  |  Por: Karla Monteiro

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Revolucionárias | Bia Granja, a moça da web

Foto: Ica Martinez

“Não estamos vivendo uma crise do conteúdo. O problema é o modelo de negócio. O que significa fazer conteúdo hoje? Antes não cobrávamos pelo conteúdo, o valor estava na audiência. Onde está o valor hoje? O nosso trabalho é pioneiro nisso, entender o impacto de mercado dessa cultura da web”

A paulista Bia Granja é a maior referência em cultura de internet no Brasil. Pioneira na discussão do comportamento na web – e pioneira ao fazer a ponte entre esse conhecimento íntimo da rede e o mercado. Pensando a sociedade virtual como uma cidade, Bia virou uma guia turística para quem quer investir na praça.

A trajetória profissional de Bia segue paralela à sua paixão pela internet. Em 2006, aos 20 anos, criou a revista PIX Magazine, uma revista imprensa com o objetivo de comentar as coisas legais da web, de blogs a memes. A publicação era distribuída gratuitamente em São Paulo e no Rio.

A revista deu origem, em 2009, ao PIX Festival – onde a internet se encontrava fora da internet. A ideia era discutir a cena virtual, entendê-la, destrinchá-la, sob o ponto de vista comportamental. Em 2014, última edição do festival, o PIX Festival reuniu 18 mil jovens.

Hoje Bia lidera uma frente ampla de ações sob a marca YouPIX, todas mirando na mesma direção: inovação e empreendedorismo na web. Entre suas atividades, um festival (o YouPIX Con, considerado o maior evento de cultura de internet no Brasil); uma plataforma virtual, principal vitrine do que acontece na internet brasileira; e premiações que visam renovar a produção de conteúdo: Melhores da Websfera, Melhores da Twittosfera e Content Talent Show. Como se não bastasse, é a apresentadora do programa Alerta de Tubarões, em que entrevista influenciadores na plataforma Hysteria.

 

Ela por ela

“Estudei Turismo, em São Paulo. Mas prestei só porque era o curso da moda. Na faculdade, precisei trabalhar para pagar a mensalidade e fui parar numa incubadora de projetos de internet chamada Ideia.com. Lá descobri a web. Até então, eu só acessava e-mail. Foi quando eu descobri o Google que minha vida mudou. Foi no ano 2000, quando entrei na faculdade. A internet ainda estava começando. Eu me encantei. Podia encontrar respostas com olhares diversos para as coisas que eu procurava. Enfiei-me neste universo, como usuária mesmo, lia todos os blogs, dava Google em tudo. Queria entender a cultura digital que estava se formando na época.

Esse olhar curioso da internet como uma ferramenta de expressão, de conexão, foi o que me fez lançar a PIX, revistinha impressa que falava sobre internet. Imagina isso? Foi só três anos depois, em 2009, que lançamos um site. Fazíamos na PIX uma curadoria das coisas legais que estavam rolando no mundo digital: memes, piadas, comportamentos, criadores, blogueiros… Distribuíamos os exemplares em lugares de circulação de jovens. Pegou tanto que as pessoas se encontravam para trocar edições, tipo figurinha da Copa.

A partir daí, resolvemos lançar um evento para reunir esse povo todo. O primeiro YouPix Festival foi em 2009, era um festival da internet, para celebrar a cultura de web e discutir o que significava o novo momento digital. Era gratuito e  foi crescendo junto com a internet no Brasil. Olhando com distanciamento histórico, vejo que o nosso diferencial é que não começamos como uma coisa orquestrada. Foi orgânico, foi genuíno. E ao não julgar o que estava acontecendo, viramos um palco de discussão.

Em 2014 fizemos o último YouPix Festival, e hoje temos um business. Em 2015, lançamos o YouPIX Con, um evento para o mercado: influenciadores, criadores, agências, marcas, plataformas, ferramentas… Seguimos aprofundando nossa missão de acelerar o mercado de creators. Além do evento, temos hoje uma escola, uma consultoria que atende empresas de maneira estratégica, temos programas de aceleração para criadores de conteúdo digital, concursos para divulgar talentos, área de produção de conteúdo e fazemos eventos pontuais.

Não estamos vivendo uma crise do conteúdo, como muita gente pensa. O problema é o modelo de negócio. O que significa fazer conteúdo hoje? Antes não cobrávamos pelo que era produzido, cobrávamos pela audiência. Um jornal tinha um milhão de assinantes, este era o valor do jornal. Agora, com a audiência pulverizada da rede, a gente se ferrou porque não sabe o que cobrar. Onde está o valor hoje? O nosso trabalho é pioneiro nisso, entender o impacto de mercado dessa cultura da web. Tenho uma nóia na vida, que é a dificuldade de fazer coisas só para fazer a economia girar. Tenho uma preocupação grande de deixar um legado. Transformar a vida das pessoas com conhecimento.”

 

– Veja a lista com todas as revolucionárias –

 

 

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