Hysteria

Tenho pavor de Cinderela e, pra falar a verdade, de quase todas as princesas. Fui uma criança que cresceu vendo Jaspion, Mundo de Beakman, Power Rangers, filmes de terror. Vejam, eu sonhava em ser médica legista quando crescesse. Então, não é de se estranhar que esses filminhos muito água com açúcar pra criança não façam minha cabeça. Para quem, como eu, gosta de dividir a tela com os filhos, mas não suporta algumas das vozes mais famosas da Disney, uma lista de filmes que conseguem ser intensos e para crianças ao mesmo tempo. Obras que são divertidas mas também podem render boas conversas sobre o comportamento humano, ética, emoções e senso crítico.

Edward Mãos de Tesoura (1990)

Eu já havia me apaixonado por Tim Burton quando assisti a Beetlejuice, mas Edward ficou no meu imaginário para sempre. Gosto de como Tim desenvolve narrativas e personagens à margem da sociedade, excêntricos ou incompreendidos, dando aquela cutucada na normose da sociedade, mostrando assim que as aberrações muitas vezes residem no senso comum. Além de tudo é hilário.

Matilda (1996)

Esse filme já fazia parte da minha infância e foi uma delícia revê-lo com as crianças. Matilda, uma criança brilhante de apenas 6 anos, cresce dentro de uma família disfuncional e tem pais grosseiros que a ignoram e destratam. Esperta que é, a menina tem sua própria ética, é independente e ama uma biblioteca, onde costuma estimular sua imaginação. Ao longo da história, Matilda descobre que possui poderes mágicos e o final é para aquecer o coração.

A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)

Um clássico da literatura que foi parar nas telas. Dirigido pelo mago Tim Burton e baseado no conto de Roald Dahl, o filme é cômico e fantástico ao mesmo tempo. Um viagem ao mundo da imaginação sem sair do sofá. Lúdico porém embebido de algumas boas críticas sobre comportamentos humanos e suas consequências. Johnny Depp em Willy Wonka dá um show de excentricidade e genialidade.

Valente (2012)

Merida, princesa de um reino escocês, é uma princesa que foge das regras e não aceita se casar com um príncipe, como manda a tradição. O filme aborda a temática do empoderamento feminino sem perder os elementos infantis. Merida também aprende que a revolta pode gerar impulsos com consequências graves. É preciso força para romper tradições injustas, mas também é preciso reflexão.

Viva! A Vida é Uma Festa (2018) 

Um filme certamente emocionante, que aborda diversas temáticas com poética e frontalidade. Ele explora muitas simbologias para tratar de traumas, abandono parental, família (matriarcal nesse caso) e morte. Não apenas a morte natural, mas as mortes por acidente, assassinato e a morte simbólica, ou seja, o esquecimento. Pode soar complexo demais para os pequenos, porém o diretor Lee Unkrich suaviza a ideia com música, afeto e humor.

Barbara Thomaz é mãe de dois, comunicadora e colunista da Marie Claire Brasil