A arte surreal e repleta de significados de Débora Calabró
Em colagens sobre fotos a artista passa seu recado desejando que as pessoas possam sempre ir mais longe
29.08.2019 | Por: Mari Cobra
De repente no meio da tradicional mesmice do Instagram montagens surrealistas atiçaram minha curiosidade. Era o trabalho da fotógrafa Débora Calabró, cheio de símbolos que minha mente ousou interpretar de diversas formas. Quando a arte te provoca dessa maneira, a melhor palavra que resume é “amor”. A arte de Débora estimula e cria um túnel de possibilidades que varia de acordo com a cabeça do espectador. Fiquei curiosa para saber tudo sobre essa mente inquieta e o nosso papo foi tão poético quando as imagens que o intercalam.

Me conta um pouco sobre você?
Vamos lá. Sou fragmento. Um pouquinho de cada coisa, mas cada parte é arte. Sou Débora Calabró aqui nesse plano. Desenhista desde pequena, designer gráfico desde antes da faculdade, musicista antes de tudo, fotógrafa desde que decidi ser e diretora de arte desde que me colocaram no cargo. Mas artista mesmo, não sei quando foi que comecei. Acho que na vida passada. Aliás, acho que todo artista já nasce artista.
Mas quando você sentiu que tinha que se dedicar?
Faz pouco tempo que tô levando a arte a sério, cerca de um ano, ou até menos. Minha mente tem evoluído muito, de forma que nem sei explicar. As coisas tem acontecido de maneira intensa. Antes, eu pensava que isso era ruim e que precisava dar vazão através das artes. Foi aí que comecei. Mas logo entendi que toda essa evolução mental era maravilhosa.

Onde a arte te leva?
Eu queria o superpoder de encostar nas pessoas e dar a elas mais clareza de ideias sobre o poder que elas também têm. Afinal, se somos da mesma matéria e um de nós pode ir além, significa que por algum meio, todos podemos. Imagina só se todos fossem além do que acham que pode? Onde estaríamos? Nossos problemas seriam resolvidos com muito mais praticidade. Tanto os sociais como os individuais.
Você tem esse poder?
Tenho! Esse poder é a arte. Arte move. Sempre digo isso, e muitas vezes as pessoa entendem como uma frase bonita, apenas. Mas se abrirmos a mente vamos perceber o quanto realmente a arte transforma. Então, pensei em inserir isso aos pouquinhos. Umas artes que fale de uma coisinha aqui, outras que fale de um outro assunto ali. Quero usar esse poder. E espero conseguir alcançar um grupo de pessoas. Talvez um seja grupo de duas pessoas, mas se esses dois influenciarem cada um outros dois, já é alguma coisa. Maravilhoso seria, no fim, conseguir influenciar um grupo maior, talvez 7,5 bilhões de pessoas? Mas enquanto isso não acontece, sigo devagarzinho. Importante é não ficar parada.

Qual é seu sonho?
Espero que a arte invada a mente. Espero conseguir explicar sem palavras o que é esse poder. Espero que as pessoas entendam ele. Esse poder de evoluir. Quero tentar traduzir as ideias em arte, porque ela vale mais que palavras. É isso que me motiva. Isso que me fez começar a fotografar, a fazer colagens, e continuar sempre. Antes de qualquer foto, a ideia é projetada na minha cabeça, então ela é fotografada e aí são feitas as colagens. O mais importante é o processo, depois a arte cumpre sua missão por si só.
Qual teu projeto favorito?
Tenho orgulho de tudo! Mercúrio, um projeto que foi exposto e onde falo sobre amor; tem outro projeto sobre signos também. Algumas artes que fiz com imagem de artistas reconhecidos, que deixaram minha mãe orgulhosa. Mas o que mais me deixa feliz, é quando alguém responde com uma mensagem explicando o que entendeu. Arte é uma energia que sai de dentro de um e vai pra dentro de outros. Isso é lindo.
Mari Cobra é diretora, roteirista e fotógrafa. Com um olhar característico para a potência feminina, seu trabalho retrata a beleza em sua essência. Além do documentário Nosso Sangue Nosso Corpo, é também autora do projeto Divinas, série de fotos analógicas dedicada a retratar a beleza de mulheres latino-americanas fora do padrão imposto pela sociedade
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