Acredite nas suas ideias, elas podem mudar o mundo
O que aprendemos com a história da bioquímica Katalin Karikó, o nome por trás da tecnologia da vacina da Pfizer/BioNTech
18.08.2021 | Por: Mariana Caldas
Katalin Karikó é o grande nome por trás da vacina da Pfizer/BioNTech. O top of mind da imunização, sonho de todas as noites do novo normal, só existe porque uma mulher acreditou na sua visão por mais de 30 anos. E não desistiu.
A bioquímica húngara dedicou sua vida acadêmica a uma intuição que ela teve logo no início da sua carreira: as possibilidades de ativação imune que poderiam ser mediadas pelo RNA mensageiro, que basicamente é uma molécula capaz de mandar comandos e induzir as células a produzirem qualquer tipo de proteína.
Nós sabemos que as mulheres sempre fizeram história e inventaram coisas que mudaram para a sempre o mundo. Muitas tiveram os seus feitos roubados por homens, outras precisaram inventar um pseudônimo masculino para conseguirem seguir com suas ideias, e com certeza algumas milhares simplesmente nunca foram creditadas.
No Dia da Mulher o que não falta são matérias com o título: “conheça 10 (ou 20, ou 30) mulheres que fizeram história”. Graças ao tempo, os poderes femininos que transformaram as suas realidades vão sendo reconhecidos, e isso é uma conquista. Mas quantas estão faltando?
Esta estranha, porém compreensível, mania de agrupar mulheres em listas é importante sim. Ao mesmo tempo pode nos dar a sensação de que apenas uma mulher, em muitas milhões, é capaz de realizar o extraordinário. Como reconhecer, persistir uma vida de obstáculos, e literalmente inventar uma nova tecnologia capaz de salvar o nosso futuro, como é o caso de Katalin.
E se ela tivesse desistido? E se ela fosse um homem? Katalin não acredita que o fato dela ser mulher dificultou o seu caminho, mas todos os seus interlocutores, durante os nãos e os sins que ela recebeu ao longo de sua pesquisa, eram homens. Ou seja, se ela conseguiu, também foi porque um deles acreditou que estava diante de uma revolução.
Katalin seguiu firme, sem emprego fixo, sem laboratório, sem bolsa, e sem perspectivas, porque sua intuição e sua pesquisa diziam que ela estava diante de uma descoberta que poderia ser muito eficaz e salvar muitas vidas. “Eu sabia que aquilo era muito importante. Senti que poderíamos fazer tudo a partir daquela descoberta, que seria bom para alguém”, comentou em entrevista ao podcast The Daily do The New York Times.
A verdade é que todas as mulheres podem sim fazer o inacreditável, o impossível, o extraordinário. Em um mundo que está sempre pronto para descreditar e desencorajar as nossas ideias, o nosso ponto de vista, o nosso direito de ir e vir, acreditar na nossa visão por 20, 30, 100 anos, independente do que as outras pessoas pensam dela, já é transformar o passado, o presente e o futuro.
Mariana Caldas é diretora, fotógrafa e jornalista, seu trabalho autoral investiga e revela a natureza selvagem que vem de dentro.
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