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O isolamento social pode ser uma grande oportunidade para você se reinventar, aperfeiçoar suas qualidades, valorizar o silêncio, reconhecer suas habilidades e aprender a lidar melhor com as próprias emoções. Vamos falar de autoconhecimento?
08.06.2020 | Por: Amanda Fitas
Nestes tempos de quarentena e de pandemia, um dos grandes desafios, para muita gente, tem sido ficar sozinho e permanecer no isolamento social. Pois parece sempre difícil saber lidar com as próprias emoções e com os sentimentos que ficam mais evidentes e aflorados nessa fase. Em alguns casos, o estado de humor tende a oscilar ao longo do dia e as pessoas podem perder, de certo modo, o controle momentâneo sobre suas próprias ações e emoções, com um excesso de irritabilidade, ansiedade, medo ou nervosismo. E isso pode afetar a rotina da própria pessoa, sua produtividade, como também do seu ciclo de convivência.
Existem explicações científicas, neurológicas e psicológicas para isso. No isolamento, a tendência é ficar mais parado e com pouco gasto de energia ao longo do dia, reduzindo, assim, a produção de hormônios essenciais para o bom funcionamento do cérebro e do corpo físico também. Como no caso da endorfina, melatonina (esse, no caso do controle do sono), ocitocina, dopamina e serotonina, que trazem sensações de bem-estar, alegria, satisfação e euforia.
Em vez disso, devido à ansiedade e ao aumento de estresse, a pessoa isolada passa a produzir mais cortisol no corpo e isso tende a aumentar a pressão sanguínea e elevar os níveis de ansiedade, estresse e até mesmo de depressão. Como o corpo e a saúde espelham, na maioria das vezes, o aspecto emocional, nesse estado a pessoa corre sério risco de somatizar e gerar diversas doenças no seu sistema.
É preciso, entretanto, manter a calma, respirar fundo, aceitar positivamente o momento do mundo e dar um foco diferente a pensamentos, emoções e atitudes. Pois o caminho mais seguro e mais válido para evitar todos esses problemas talvez seja mesmo o autoconhecimento. Ou seja, mantendo-se calmo(a) se deve buscar identificar as próprias emoções, reconhecer os pensamentos predominantes na mente e quais comportamentos parecem ainda manter padrões negativos repetidos.
É possível buscar isso com o silêncio interior, auto-observação, autoanálise, pausas momentâneas ao longo do dia, seja pela manhã ou à noite, quando se aprende a respirar de verdade, sentindo o batimento do coração no mesmo compasso que o ritmo da mente, mantendo-se seguro, em seu estado de presença, sem resgatar memórias negativas do passado ou criar expectativas exageradas quanto ao futuro.
Tudo isso, sem dúvida, passa pelo autoconhecimento. Tem relação com a compreensão de si, do próprio comportamento, das emoções mais intensas que vibram em cada pessoa, da qualidade dos pensamentos e do modo como a mente costuma reagir em diferentes circunstâncias.
Evite colocar muita pressão sobre si e suavize, ao máximo, sua rotina, com coisas prazerosas e equilibradas
Para ampliar o autoconhecimento, além do silêncio interior ou mesmo por meio de práticas meditativas – cada um pode escolher o ritual que melhor achar para preservar o encontro consigo – você pode se aperfeiçoar e aprimorar sua sabedoria geral, com filmes, música, leituras produtivas e com uma rotina saudável estabelecida ao longo do dia. Você pode até criar uma espécie de agenda que integre suas atividades profissionais e pessoais. Pode se fazer perguntas diárias ao acordar de qual o seu objetivo com esse dia, quais emoções quer sentir, quais sentimentos quer gerar nas pessoas.
Evite colocar muita pressão sobre si e suavize, ao máximo, sua rotina, com coisas prazerosas e equilibradas. Busque sempre a leveza.
Certamente, aprender a lidar consigo e ficar sozinho é um grande desafio e uma grande descoberta sobre si próprio. Pois envolve o resgate e a descoberta de emoções e de atitudes de que você não tinha tanta consciência. Por isso, através do autoconhecimento, o isolamento pode ser, na verdade, uma grande oportunidade para você se reinventar, aperfeiçoar suas qualidades, valorizar o silêncio, reconhecer suas habilidades e aprender a lidar melhor com as próprias emoções, em seu estado de presença na vida. Aproveite este momento de evolução acelerada por que o mundo e as pessoas estão passando.
Quando você tem esse autoconhecimento, passa a lidar melhor com as próprias emoções, reconhece os limites de suas ações e consegue enxergar a luz além do horizonte. Ao identificar as emoções, o padrão dos pensamentos e os próprios comportamentos, ampliando a percepção interior, saberá como agir em diferentes situações. Seja para controlar uma crise de ansiedade ou para tornar a sua comunicação mais efetiva e assertiva. Seja nos relacionamentos, no campo afetivo e amoroso, ou no aspecto profissional.
Porque você estabelece novos padrões de conduta emocional, desenvolve sua inteligência espiritual e fica muito mais astuto quanto às relações humanas de um modo geral, começando por uma compreensão mais profunda e clara sobre si mesmo.
O autoconhecimento interfere e pode influenciar positivamente em todos os aspectos e áreas da vida. Começando pela relação com você mesmo, o cuidado com sua existência, nas escolhas mais coerentes e na tomada de decisões importantes com mais lucidez e discernimento.
Pois, se você domina suas emoções, tem autoconhecimento sobre si, sobre suas ações e suas reações, se sente mais seguro para encarar a vida. Seja no trabalho, na profissão, no relacionamento conjugal, nas relações afetivas, amorosas, sexuais, até na escolha do seu estado de humor diário.
Amanda Fitas é psicóloga e escritora com três livros publicados e mais de um milhão de seguidores no Instagram
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