Camila Cornelsen: delicadeza e força no olhar feminino
Conheça a diretora de fotografia que engaja o universo feminino e as mulheres do audiovisual no Brasil
14.08.2019 | Por: Equipe Hysteria
Quando começou sua carreira, em 2013, Camila atraiu a atenção do diretor Heitor Dhalia que a convidou para fotografar seu curta musical “Moon”. Foi ali, retratando a história de garotos de programa em São Paulo, que Camila trabalhou pela primeira vez com uma grande equipe e estrutura de set. O tema, somado à fotografia preta e branca e as cenas tratadas com sutileza fizeram o clipe se espalhar pelas redes sociais.
Camila é uma das diretoras de fotografia da nova geração que tem muito claro a importância do olhar feminino, principalmente em torno de temas tabus. E essa experiência ela ganhou trabalhando. Desde 2012 retrata mulheres nuas no seu projeto X Real que busca o conforto na nudez feminina e também incentiva que admiraremos outras mulheres e seus corpos reais. “Quando está atrás da câmera, a mulher tende a ter mais empatia com a situação do outro. Buscamos tratar a imagem de forma que a pessoa que está na sua frente se sinta segura”, diz a diretora.
Foi na produtora que Dhalia que Camila conheceu Vera Egito. A afinidade das duas foi rápida e a parceria criada ali se estende até hoje. Em 2013 as duas fizeram os clipes de Arnaldo Antunes e Ana Cañas. Camila também assinou a fotografia do DVD de Cañas no mesmo ano.
Em 2014, na urgência que querer fazer seu primeiro longa metragem, Vera convidou Camila para juntas trabalharem em “Amores Urbanos”. O longa foi escrito e produzido no mesmo ano e teve como desafio os percalços de uma pequena produção no melhor estilo guerrilha. Camila abraçou a causa e trouxe a falta de recursos com linguagem para a fotografia. O filme não teve luz, nem equipe, e fez que o departamento de câmera determinasse como seriam as diárias.
Agora, depois de 5 anos da captação de Amores Urbanos, Vera e Camila se encontram novamente no set para realizar a série “TODXS NÓS”, encomendada pelo canal HBO. A a série ficcional traz a temática LGBTQ+ e fala de temas como racismo e assédio. O formato narrativo será parecido com o Amores Urbanos, o que mudou de lá pra cá foi a experiência que ambas adquiriram no percurso. “Foi incrível poder me dedicar a um projeto com a Vera, que é uma pessoa que eu tenho tanta afinidade, agora com mais experiência e mais recursos. Tivemos 3 semanas de filmagem em estúdio, onde eu tinha um mega painel de LED para ser o fundo do cenário da cidade de São Paulo, e depois diversas locações. Diferente de “Amores Urbanos” o meu desafio era ainda manter a estética naturalista que a Vera tanto gosta, mas agora com equipe e equipamentos.”
Foi também a estética de “Amores Urbanos” que a diretora Caru Alves de Sousa convidou Camila para fotografar seu 2º longa metragem “Bagdá, cenas de uma juventude”. O filme foi feito no inicio desse ano e mostra o dia a dia de Grace, uma jovem skatista que vive no subúrbio de São Paulo e batalha por um espaço entre os garotos nas pistas de skate. “A Camila tem um jeito fascinante de mostrar os jovens e o universo feminino. A naturalidade que ela consegue enquadrar é incrível. Faz você querer fazer parte daquele contexto.”, elogia Caru.
Diferente de Vera, Caru gosta da câmera com mais movimentos, o que fez Camila escolher operar a câmera na mão o filme todo. E isso exigiu preparo. “É um tipo de preparação diferente que eu normalmente tenho. Durante muito tempo não conseguia operar perfeitamente com a câmera na mão, por conta do peso do equipamento. Entendi que como eu queria poder oferecer para os diretores essa opção, fui atrás de exercícios que me colocassem no eixo para o meu corpo aguentar as horas de filmagem. Estou há 1 ano e meio fazendo pilates 3 vezes por semana, para me fortalecer e encontrar o equilíbrio para os movimentos.”
Para encerrar o ano com chave de ouro, Camila parte para Portugal em Setembro onde filmará seu terceiro longa metragem (e terceiro projeto de ficção só nesse ano!), com o diretor Matheus de Sousa.
Parceira de Hysteria desde o lançamento, Camila foi a diretora do clipe de Illy e Duda Beat e diretora de fotografia do curta erótico “Amores líquidos“.
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