Coloração pessoal é a nova ‘make nada’?

Testamos a nova tendência do mundo da consultoria de imagem: um jeito divertido de descobrir o melhor tom de roupa para valorizar a nossa beleza natural

03.09.2021  |  Por: Mariana Caldas

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Coloração pessoal é a nova ‘make nada’?

Parece que está desvendado o mistério daquele look que fica perfeito em todo mundo menos na gente. Aquele que você sonha, imagina o close, mas na hora de vestir simplesmente nada acontece. A boa notícia é que o problema não é o nosso corpo, o nosso cabelo, o nosso mood, a nossa vida, mas talvez a temperatura, o tom e a intensidade da cor que não deu match com os nossos tons naturais.

O contrário também é verdadeiro. Quem viu a série Fleabag e ficou confuso com o que aconteceu na clássica cena em que Phoebe Waller-Bridge está simplesmente perfeita no velório de sua mãe, e não há nada que ela faça para melhorar, ou melhor, piorar o visual? O verdadeiro exemplo da gata que fica uma gata de preto. 

Coloração pessoal é nova trend e parece ser a nova “make nada”, aquela que é feita para parecer que estamos sem maquiagem e só realçar a nossa beleza natural, sabe? Lá fui eu descobrir qual é a minha paleta de cores com a consultora de imagem e estilo e cromoterapeuta Camila Mundell. 

Camila ainda era atriz quando descobriu o poder das cores. “Lembro que uma vez eu tive um branco no teatro, olhei para cima, vi uma luz azul e aquilo me acalmou. Um tempo depois, fazendo Hamlet em uma peça da faculdade, fui ler a Bárbara Heliodora, que foi uma das maiores críticas de teatro brasileiras, e ela falava que Shakespeare escrevia de acordo com as estações do ano”, relembra. “Inspirada por essa visão eu comecei a pensar nas cores que representavam cada estação para mim e trouxe os seus arquétipos para o meu papel na peça.” 

Algum tempo depois os palcos deixaram de fazer sentido, e foi durante uma viagem para o Camboja que ela descobriu a cromoterapia. Voltou para o Brasil decidida a estudar a arte da cura pelas cores e não parou mais. Desde então ela se formou cromoterapeuta e depois foi estudar coloração pessoal e consultoria de imagem na Ecole, em São Paulo. “Minha fada madrinha foi a Gloria Coelho, ela foi a primeira a se interessar pelo meu trabalho com as cores e me chamou para dar algumas palestras sobre cromoterapia logo depois que eu me formei”, conta. 

Camila também me contou que a coloração pessoal nasceu nas pesquisas feitas pelo artista e professor da Bauhaus Johannes Itten, e foi transformada na teoria que conhecemos hoje pela artista plástica e estilista americana Suzanne Caygil em 1940. “A coloração pessoal nos oferece a possibilidade de criar harmonia. Se você acorda e não quer usar maquiagem, por exemplo, pode escolher uma cor de blusa que vai exaltar a sua beleza autêntica e natural, vai te dar um glow, uma cara de saudável”, explica. 

A arte de descobrir a nossa paleta dos sonhos inclui as três dimensões da cor, o seu tom (claro e escuro), a sua temperatura (quente e frio) e a sua saturação (brilhante e opaco). E ela vale apenas para a parte de cima do nosso look, que se relaciona com o nosso rosto. Isso quer dizer que você está liberada para usar a cor que quiser na bolsa, no sapato, na calça, e segundo Camila, na blusa também. Afinal, você sempre pode usar um brinco para harmonizar e até um belo decote. 

“Eu questiono muito todas essas regras que podem ser criadas no universo da consultoria de imagem, tem dias que eu quero me vestir para me divertir, tem dias que eu quero me vestir para impactar, tem dias que eu quero passar desapercebida. O mais importante é a gente se conectar com a nossa essência, nossa personalidade, quem a gente é”, conclui Camila. 

Em busca da minha paleta perfeita, Camila foi fazendo o já icônico movimento de colocar os tecidos coloridos na minha frente, bem embaixo do meu rosto, e a cada resposta do espelho ia marcando qual das duas cores tinha me deixado com mais viço, um pouco apagada, bonita de pele ou com bastante olheira. E assim ia descobrindo quais as dimensões faziam mais diferença no meu caso, claro ou escuro, quente ou frio, opaco ou brilhante. 

No fim do dia eu descobri que a minha paleta é o inverno brilhante e que a coloração pessoal é mais uma ferramenta de expansão, que não foi feita para nos deixar presas dentro de uma caixa de cores, mas para ser uma companheira na hora de vestir o que estamos sentido.

Mariana Caldas é diretora, fotógrafa e jornalista, seu trabalho autoral investiga e revela a natureza selvagem que vem de dentro.

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