Com que roupa eu vou pra 2021?
Conforto, afeto e peças feitas por pequenas produtoras: as mudanças que a pandemia trouxe para o nosso guarda-roupa definem os looks do novo ano
06.01.2021 | Por: Amanda Pinho
Sem dúvidas, 2020 trouxe grandes aprendizados em diferentes áreas da vida. Aprendemos o verdadeiro significado de resiliência e a importância de transformar solidão em solitude. Aprendemos também algumas coisas sobre o nosso guarda-roupa.
Parece consenso: descobrimos que é possível conciliar conforto e beleza, glamour e liberdade. Estariam as calças jeans com os dias contados? O pijama é o novo maiô?
Veja bem, estou desde março do ano passado trabalhando de casa e as únicas peças novas que adquiri ao longo de 2020 foram pijamas, quimonos e macacões. E pra mostrar que não estou sozinha, troquei uma ideia com cinco manas que amamos e que têm muito a dizer sobre looks, montações e tendências para 2021. O que será que mudou no guarda-roupa de cada uma delas durante a pandemia? Qual a grande aposta para este ano no quesito look? Vem comigo!

Vestido: Hering
Amanda Monteiro é criadora de conteúdo, manauara e amante de brechós. Para ela, este foi o ano de experimentar coisas novas e ver beleza em roupas mais simples: “A mudança é chocante! Eu fui de uma arara super estampada para tons neutros e terrosos. Nunca pensei que fosse ter esse estilo”, conta.
Para 2021, Amanda espera que as pessoas se sintam mais livres para mudar e testar. Ela já está fazendo a parte dela: “Fiz as pazes com o branco, que nunca consegui usar, e espero que 2021 seja tudo o que essa cor significa. Mais do que nunca, a gente precisa de muita paz pra se reerguer.”
Quem também aderiu a uma vibe mais minimalista foi Renata Bastos, atriz e coordenadora de moda da Agência Lema. “O home office nos fez olhar para o que é realmente necessário. Doei muitas coisas e fiz várias limpas no armário. A cartela de cores mudou e foi mais para tons claros e neutros”.
Para ela, a tendência de 2021 não vai fugir muito no comfortwear e do loungewear, agora que descobrimos que conforto é uma prioridade. Mas ela garante que a montação segue tendo seu lugar. “Tô louca pra pensar looks futuristas, eco-sustentaveis e lúdicos. Uma coisa meio Salvador Dalí, meio Hélio Oiticica”, brinca. “A gente merece estar mais leve em 2021 e poder acreditar que tudo vai melhorar.”
Ela também deu uma dica de make: já reparou que a máscara faz a gente prestar menos atenção na nossa boca? Tá liberado investir no batom pra fazer carão em casa, nem que seja em mais uma chamada do zoom.

Tamanca: shein / Calça: brechó Mandsy Shop / Blusa e cinto: brás
Falando em montação, bora chamar Carol Barreiros? Morando sozinha durante a quarentena, a publicitária e creator paraense nos contou que passou os três primeiros meses da pandemia usando apenas pijama e moletom, mas que depois desse tempo resolveu ir atrás de um estilo de ficar em casa pra chamar de seu. O resultado foi uma coisa “meio patricinha de filme adolescente dos anos 90, bem rosa e exagerado”, conta.
Sempre buscando não abrir mão do conforto, ela criou uma amizade sincera com saias midi e calças de tecido, deixando peças apertadas um pouco mais de lado.
Carol conta também que as compras online, principalmente em brechós, abriram novas possibilidades para ela, e faz uma previsão de tendência para os rolês pós-vacina: “vai ser o momento para usar tudo o que você sempre teve vontade e não tinha coragem – seja lá qual for o seu estilo!”

Conjunto: Calma São Paulo / Top: Cosmo.Rio
Para a jornalista e diretora de vídeo Cecília Cussioli, a mudança do guarda-roupa durante a pandemia veio acompanhada de mudanças pessoais. “Eu precisei entender que meu corpo mudou e precisou crescer pra aguentar os meses de isolamento, de angústias e tristezas.” E foi aí que ela passou a ir atrás de roupas que trouxessem conforto e não limitações, como conjuntinhos soltos, pijamas divertidos e quimonos coloridos.
As lojas online também fizeram a quarentena dessa capricorniana de 31 anos. “Me diverti muito descobrindo novas marcas, muitas delas pequenas e comandadas por mulheres. Achei muito bacana que a maioria delas veste uma diversidade imensa de corpos.” Para ela, modelagens confortáveis devem ser a principal tendência para 2021: “Já tenho meu look para sair cantando e pulando pela rua depois de vacinada – e, sim, é um pijama!”

Macacão e quimono: Ludi Slow Fashion
Prata da casa, nossa colaboradora de primeira hora e comentarista da CNN Brasil Lia Bock também prezou pelo conforto ao longo de 2020. “Agora me sinto até estranha quando boto uma roupa que incomoda, aperta um pouquinho ou restringe os movimentos. É louco pensar que achei isso normal algum dia”, confessa. A saída foi buscar opções que combinassem praticidade e charme, desafiando a regra que parecia prevalecer antes da pandemia.
Para ela, 2021 tem cara de ano híbrido, uma coisa meio pijama e meio brilho, meio presencial e meio Zoom, com “roupas que dá para se jogar no sofá, cozinhar, cuidar das crianças e ir fazer coisas na rua. Basicamente, roupas que se encaixem em nossos corpos ao invés de exigir que esculpamos (ou apertemos) nossos corpos para encaixar nelas”.
“Espero que 2021 seja como esse look que marcou meu 2020 e segue comigo: um macacão branco amplo e cheio de possibilidades, somado a um quimono estampado brilhante que jorra conforto e alegria. Um look feito por uma mana que costura em casa e vende a preço justo. Os pés quero manter bem enraizados no chão, pra seguir com a cabeça nas nuvens”, arremata.
Amanda Pinho é de Belém, tem uma bicicleta, dois gatos e um milhão de empregos. Trabalha com jornalismo, publicidade e tradução
1 Comentários
Uma resposta para “Com que roupa eu vou pra 2021?”
Gostei muito da matéria!!
Assim como a Amanda eu também sou meio criada com o branco rsrs