Hysteria

Com o Dia Internacional da Mulher comemorado todo 8 de março, o mês acabou se tornando uma data de calendário em que as lutas, conquistas e esforços femininos são lembrados. Não que a gente precise do mês pra isso, é claro. Mas é bom começar por algum lugar, então que seja o calendário.

Você também não precisa de uma data comemorativa (ainda que essa tenha uma história que deve ser conhecida) para ler Jinga de Angola: A Rainha Guerreira da África, da historiadora norte-americana Linda M. Heywood. O que você precisa são motivos, e isso não falta.

Jinga de Angola, que a Todavia lançou no Brasil no começo de 2019, conta a trajetória da líder africana, uma guerreira de família nobre do Ndongo, reino da África central que hoje é parte do norte de Angola. É um capítulo essencial da resistência africana ao colonialismo europeu e a história de Jinga, pouco conhecida fora da África, tem tanta importância quanto a de governantes célebres como Cleópatra e Catarina, a Grande. A BBC Brasil tem uma reportagem bastante completa sobre ela e que pode servir como consulta inicial para quem vai embarcar na leitura.

Não menos importante é narrativa da própria Heywood, professora de história e estudos afro-americanos na Universidade de Boston. Autora de estudos sobre a diáspora africana, como Central African, Atlantic Creoles, and the Foundation of America (Cambridge University Press, 2007) e Diáspora Negra no Brasil (Contexto, 2012), Heywood soube escolher uma história fascinante e pouco contada.

Baseado em extensa pesquisa, seu livro tem linguagem fácil de seguir para quem não é da área e traz uma árvore genealógica para ajudar a compreender as linhagens e acontecimentos que levaram Jinga ao poder. A história começa um pouco lenta: todo o primeiro capítulo é uma contextualização necessária para entender o momento de Ndongo e os acontecimentos da família de Jinga. É importante e, passado isso, você embarca em uma história cheia de plot twists, liderada por uma figura histórica apaixonante e digna de figurar ao lado de líderes revolucionários de qualquer época, local ou gênero.

Lançado em janeiro de 2019, você encontra nas principais livrarias do país ou direto no site da editora, onde também é possível ler um trecho.