Desejo que imagina
Maria Martins desafiou o status quo, esculpiu o desejo no feminino e segue sendo uma das artistas mais importantes da nossa história
12.01.2022 | Por: Equipe Hysteria
Uma das mais importantes representantes do surrealismo na arte mundial nasceu em Campanha, uma pequena cidade de Minas Gerais, em 1894. Maria Martins conquistou o mundo com suas esculturas em bronze que desafiavam o status quo dos anos 40 com potência e subversividade.
Maria viveu grande parte da vida fora do Brasil, e foi internacionalmente que ganhou maior reconhecimento. Mas não deixou de refletir em sua arte o modernismo brasileiro, incorporando mitologias indígenas e afro-brasileiras em sua pesquisa, o que lhe rendeu a alcunha de “escultora dos trópicos”.
O desejo sempre foi a força motriz da sua arte e as formas orgânicas, sensuais e subversivas das suas esculturas atraíram a atenção das maiores instituições de arte do mundo e de artistas como André Breton, autor do manifesto surrealista, Chagall e Marcel Duchamp, que além de ter sido completamente apaixonado por ela, lhe dedicou duas obras.
Maria tinha um casamento aberto com o diplomata gaúcho Carlos Martins Pereira e Sousa, e além do affair com Marcel Duchamp também teve um caso com o italiano Benito Mussolini. Também foi amiga de Picasso e Mondrian, entrevistou Mao Tsé Tung e deixou gravado na história da arte que uma mulher pode sim fazer o que ela quiser, e mais do que tudo, ser a força da natureza que ela é.
Em 1968, quando perguntada por Clarice Lispector o que faria se tivesse que recomeçar sua vida do zero, respondeu:
“Eu seria uma artista como sou, livre e libertada. Apesar de tudo, considero a vida uma beleza.”
“Maria foi fundamental nas três primeiras bienais de São Paulo. Ela chegou a ir até a casa do Picasso e pedir uma obra dele para trazer. E acabou usando a posição de embaixatriz para fazer com que os trabalhos de artistas brasileiros circulassem fora do país e obras estrangeiras viessem para cá”, comenta Isabella Rjeille, organizadora da exposição “Maria Martins: desejo imaginante”
Quem quiser pode (e deve!) mergulhar no seu universo na exposição “Maria Martins: desejo imaginante”, que está no MASP até o fim de fevereiro, e segue para a Casa Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, até junho de 2022. A mostra inclui 45 trabalhos da artista, produzidos nas décadas de 40 e 50, além de 41 publicações e fotografias que narram a sua história.
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