Dez marcas de moda que transformam descarte em peças-desejo

Por todo o Brasil designers e fashionistas estão dando um novo significado para a moda colocando em prática o upcycling, uma reutilização criativa e com alto valor agregado

06.11.2019  |  Por: Taina Nogueira

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Dez marcas de moda que transformam descarte em peças-desejo

Quando falamos em reciclagem é comum pensarmos em produtos simples feitos com restos de alguma coisa. Mas o mercado da moda upcycle veio para mostrar que dá para ir bem mais longe do que isso. Baseadas numa reutilização criativa, marcas de todo o Brasil estão encontrando maneiras de poupar o meio ambiente e ao mesmo tempo fazer peças de alto valor agregado.

A ideia é pegar materiais de descarte geralmente ligados a uma indústria específica e transformá-los em bolsas, sapatos, roupas e até joias. Pode parecer meio clichê, mas no upcycling vamos do “lixo” ou luxo. De restos de pneu a lindas mochilas; de camisas com defeito a vestidos e macacões; de lençóis e retalhos coloridos a sapatos feitos sob medida.

São marcas que subvertem a lógica de uma indústria que é a segunda que mais polui no mundo. Um estudo da Ellen MacArthur Foundation,publicado em 2017 com o apoio da estilista Stella McCartney, revelou que a indústria da moda desperdiça um caminhão de lixo têxtil por segundo e é responsável pela emissão de 1,2 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa por ano.

Fizemos uma lista com 10 marcas que entraram de cabeça nessa subversão e fazem sucesso com este ciclo positivo da moda.

Foto de divulgação Sapato Sem Nome

SAPATO SEM NOME 
A marca Sapato Sem Nome usa apenas tecidos provenientes de resíduos, descarte e roupas que já não são mais usadas. Os sapatos são feitos sob encomenda a partir de retalhos coloridos e sobras de tecidos, roupas e lençóis, o que faz com que cada par seja único. A ideia é repensar o consumo. Todos os modelos são produzidos de forma artesanal, para causar o menor impacto possível ao meio ambiente.

Foto de divulgação: YE


A Yë transforma madeira e couro de descarte em bolsas com design atemporal. Buscando ressignificação da matéria em objetos únicos, através da produção artesanal, os modelos da Yë são peças-desejo. Em 2015 os designers Juliana Erig e Enzo Yassuda estrearam na São Paulo Fashion Week assinando os acessórios do desfile do estilista Ronaldo Fraga, parceria que se mantém até hoje.

Foto de divulgação Sowjeans

SOWJEANS
A Sow Jeans é uma marca especializada em vestuário jeans que busca fomentar consumo sustentável. O ponto forte da marca é a exclusividade, sempre ressaltando a individualidade e a autenticidade do cliente. Através de uma curadoria, são selecionadas peças-coringa que oferecem uma alternativa ao fast fashion, com materiais duráveis e versáteis. Baseada no conceito oposto, o slow fashion, a marca propõe que seus clientes reflitam sobre as próprias necessidades reais de consumo.

Foto de divulgação Olsen K

OLSEN K
A marca de joias Olsen K adota o upcycling como pilar da sua identidade, aproveitando melhor os recursos sem perder a sofisticação e a autenticidade. Criada pela designer Karina Olsen, especialista em pedras formada em Gemologia no Gemological Institute of America, em Nova York, a marca utiliza apenas metais de reuso em suas criações. A Olsen K é um projeto que procura dar um novo significado de valor às joias.

Foto de divulgação Crua

CRUA
Crua Design é um estúdio criativo surgido em 2014, fruto dos experimentos de Germana Lopes com materiais inusitados. O foco atual está nos resíduos de madeira encontrados em marcenarias, ateliês e até em montes de entulho. Pintadas à mão, com pontos de cor e traços geométricos, as peças refletem uma linguagem contemporânea e minimalista, valorizando a simplicidade das formas e a elegância da matéria-prima.

Foto de divulgação Zezeres

ZEZERES
A coleção Deadstock, da Zezeres, é uma série de óculos feitos a partir de peças encontradas em uma fábrica desativada no Anil, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro. Os acessórios, produzidos nos anos 1990 e intocados até então, passaram por ajustes, tiveram suas lentes trocadas e ganharam gravações próprias da série. São modelos que voltaram a fazer sentido do ponto de vista estético, e alcançaram um significado maior ao passar por esse processo. A marca produz também óculos a partir de serragem, chapas de acetato de fábricas desativadas e armações abandonadas. O mais novo projeto nesse sentido é uma série feita com de plásticos descartáveis: o primeiro óculos do Brasil composto inteiramente por canudos será lançado ainda este ano.

Foto de divulgação Kitcoat

KITCOAT
Kitcoat é um projeto sustentável e de inovação criado pelos sócios Alexandre Rezende e Paula Lagrotta. Após observarem o desperdício das lonas das pipas de kitesurfe, eles pensaram juntos em uma maneira de reutilizá-las. Alexandre Ali, o designer da marca, define o desenho das peças de nylon nas jaquetas em um processo colaborativo com cada cliente. Em 2018, a Kitecoat foi uma das finalistas na categoria Planeta – Pequenas Empresas, do Prêmio Ecoera, um dos mais importantes prêmios de moda, design e beleza sustentável do Brasil.

Foto de divulgação Recman

RECMAN
A marca paulistana Recman transforma câmaras de pneus, esteiras de corrida e mangueiras de bombeiros em modernas mochilas, carteiras e malas. A ideia é usar matéria-prima descartada no meio ambiente, buscando minimizar e até reverter impactos ambientais. Para manter a sustentabilidade em todo o processo de fabricação, a lavagem das matérias primas utiliza água de reuso.  Além disso, a produção acontece na Oficina do Neto, em Paraisópolis, criando um ciclo de parceria colaborativa.

Foto de divulgação Comas

COMAS
A Comas, da estilista uruguaia Augustina Comas, utiliza como matéria-prima exclusivamente camisas masculinas. “Nosso trabalho começa com a seleção das peças descartadas pelas indústrias. Fazemos pesquisas nas fábricas, identificamos os melhores tecidos e a melhor confecção e escolhemos as peças que, a partir do nosso conceito de design, são as mais ricas”. O mix de produtos de Comas inclui modelos de camisas femininas, saias, chemises e vestidos. Peças de jeans, linho, tricolines de qualidade, maquinetas, chambray, fil-a-fil, oxford, entre outros tecidos, fazem parte da linha da marca.

Foto de divulgação Pablita

PABLITA
Inspirada pela sua admiração por design, acessórios e moda consciente, a arquiteta Lígia Massabki quis fazer uma conexão entre sua formação e o mundo da moda, transferindo arquitetura e design para as peças através das formas, cores, combinações e, principalmente, da matéria-prima. A ideia foi reaproveitar revestimentos usados na construção civil, como pastilha de vidro, e transformá-los em peças sofisticadas e atemporais, produzidas artesanalmente no Brasil.

Taina Nogueira é assiste de produção e repórter freelancer

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