FunBABE quer mudar o mundo dos games por dentro
Apesar de serem maioria no mundo dos jogos virtuais, as mulheres ainda sofrem com o tradicional machismo do meio
16.09.2019 | Por: Fun Babe
Na segunda temporada de Stranger Things, conhecemos a Max. Primeiro seu nome aparece de forma misteriosa, batendo todos os recordes nos fliperamas da cidade americana de Hawkings, deixando os meninos para trás. De início, ninguém sabia quem era “ele”, e muito menos que era “ela”. Depois, quando finalmente vemos a personagem, conhecemos uma menina sardenta que usa boné e anda de skate. Max era uma gamer da década de 1980 e representa muitas meninas até hoje. Inclusive eu.
Ser youtuber de games não é o que se espera de uma mulher de 25 anos que se formou em moda, não é mesmo? Ou talvez não seja o que se espera de uma mulher (e ponto). Essa é uma batalha que enfrentamos diariamente, que muitas vezes vem acompanhada de assédio e de preconceito. É homem desconhecido nos chamando de “meu amor” ou falando coisas como “só poderia ser mulher”, “deveria estar lavando louça” e daí pra baixo.
Somos cobradas e julgadas ao triplo, simplesmente porque somos mulheres.
E é por isso que ser youtuber e gamer representa tanto para mim. Sei o valor que isso tem. Ver uma personagem como a Max nas telas, num contexto de uma década em que eu nem era nascida, também é incrível.
Nem todo mundo sabe, mas as mulheres já são maioria no mundo dos jogos virtuais, mesmo sendo um ambiente machista.
E é importante dizer que, apesar disso, acredito que os games são, talvez, o universo mais democrático que existe, pois num jogo não existe diferença entre mulheres e homens – tudo é uma questão de habilidade e essa, todos podemos ter. E isso não faz com que seja menos revoltante depois do jogo, se não fui bem, ter que ouvir que “é porque sou mulher” ou ver que muitas meninas ainda usam nicknames masculinos para não sofrer represália.
Mas falemos do que há de bom e pra onde apontam as mudanças – afinal, estamos aqui para mudar o mundo. Vejo em nós, mulheres, um diferencial: o entusiasmo. Nós vibramos até enquanto estamos jogando e não somente quando estamos na plateia. Temos uma energia muito impressionante.
As crianças não querem mais de ser astronautas e sim youtubers
Percebi isso muito intensamente no projeto Final Level, uma plataforma de conteúdo gamer gravada na Gameland e transmitida no YouTube. Lá é a nossa casa, onde moram também Bruno Playhard, Gabriel Araujo, Gelli Clash e Sheviii2k, youtubers influentes no segmento. Nesse ambiente onde encontramos várias pessoas que vivem do mundo dos games, fica fácil perceber o papel feminino. Além de ser uma experiência muito especial, vejo que minha participação tem feito muitas marcas mudarem o olhar. E isso ajuda a mudar a coisa por dentro.
O mais interessante é que grande parte do projeto é composto por mulheres. Por exemplo, eu conto com uma equipe exclusiva de editoras no canal do YouTube e a CEO, Fernanda Lobão, traz toda sua experiência e inspiração para mulheres na indústria. Precisamos do poder feminino e isso só reforça a importância das mulheres nesse mercado.
E quando empresas olham pra isso, vemos que o cenário está mudando de verdade. E vamos dar nome aos bois, quem sabe a gente estimula mais marcas, não é mesmo? A Oi fornece hoje a conectividade que nos permite trabalhar – jogar, fazer lives e upar vídeos – e ainda torna os e-sports espaços mais confortáveis para mulheres. É um aceno para aquelas meninas que se escondem atrás de codinomes para não sofrerem assédio.
Há pouco tempo vi uma pesquisa que retrata que nos EUA e no Reino Unido o desejo das crianças não é mais ser astronautas, mas, sim, youtubers. É essa a guinada que a sociedade está dando que precisa ser vista, e nela não cabe mais preconceitos. Por isso o nosso papel é tão importante. O nosso e o de quem investe em nós. Somos os exemplos para a garotada que está vindo aí.
Acredito que estamos evoluindo. É muito importante vermos mulheres sendo parte do universo gamer. Para mim sempre foi natural, porque eu fui muito incentivada pelos meus pais – que me deram o meu primeiro PlayStation aos 6 anos de idade. Mas sei que a maioria não é assim. É muito importante que nós mulheres estejamos cada vez mais presentes, seja jogando, conversando com amigos e amigas que jogam, gravando vídeos sobre o tema ou até mesmo falando nos chats de jogos online. Ser uma youtuber que fala sobre games, para mim, além de um prazer incrível, é uma bandeira.
Por isso, meu conselho para as jovens que querem seguir este caminho e estão meio sem coragem é: vai lá e faz! Haverá momentos bons, momentos difíceis e homens falando besteiras. Mas sempre haverá pessoas que acreditam em você, como teve quem acreditasse em mim. Juntas somos, sim, mais fortes. Principalmente nos lugares onde (disseram) não deveríamos estar.
FunBABE é youtuber e streamer do Facebook Gaming. Com um público altamente engajado, foca em jogos de terror e The Sims 4. Atualmente é a única mulher youtuber participante do Final Level
10 respostas para “FunBABE quer mudar o mundo dos games por dentro”
Arrasou jogar é a melhor coisa q existe quem concorda respira
Muito top!
Muito bom saber que o conceito desse muito dos games está a mudar e cada vez mais as mulheres estão ganhando espaço no mundo dos games.
Maravilhosa! Juntas somos mais fortes 💛
Que orgulho