Larissa Zaidan e as fotos que contam uma longa história

A fotojornalista paulistana busca detalhes que transformam a imagem em um enredo completo

30.03.2020  |  Por: Mari Cobra

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Larissa Zaidan e as fotos que contam uma longa história

Foi a intimidade que as imagens de Larissa Zaidan transmitem que me chamaram a atenção. Com fortes contrastes, suas fotos são o melhor exemplo de que uma imagem vale por mil palavras. O trabalho autêntico e potente traz nos detalhes o fio que costura uma história profunda. É só uma foto, mas há tanto dito ali. São imagens que dão aquele gostinho de quero mais. Por isso fiquei feliz de poder matar a curiosidade e saber um pouco mais sobre ela. 

A paulistana de 29 anos se formou em jornalismo e começou sua carreira como fotojornalista da VICE Brasil, em 2015. Desde 2017, Larissa é membro da agência de fotografia brasileira Angústia Photo. Além da VICE, seu trabalho já foi publicado em lugares como Folha de S.Paulo, Financial Times, California Sunday Magazine e PHmuseum.

O que te motivou a começar a fotografar?
Comecei em 2015 por causa de um vazio bem grande que sentia. Duas pessoas importantes tinham saído da minha da vida e isso me empurrou a me tornar obsessiva pela fotografia. Eu via na rua essa mesma melancolia e solidão. 

Como é seu processo criativo?
A rua sempre foi o meu melhor processo criativo. É onde conheço as pessoas mais interessantes, as histórias que mais me encantam. A intimidade me inspira, eu gosto muito de poder entrar em universos totalmente diferentes do meu. 

O que é importante pra você na sua fotografia?
Dignidade! Parto sempre dessa premissa para documentar alguma coisa.

Quais suas fotógrafas favoritas?
Gosto muito dos trabalhos da Alessandra Sanguinetti, Nan Goldin, Bieke Depoorter e Susan Meiselas. 

De qual projeto seu você tem mais orgulho?
Recentemente voltei de uma viagem de três meses pela Rússia que fiz pra fotografar. Foi uma experiência única, difícil e dolorosa. E por isso acho que, talvez, esse seja o projeto do qual eu mais me orgulho nesse momento. Mas isso sempre muda conforme o tempo passa.

Por que foi difícil?
Os russos são muito fechados e me senti sozinha infinitas vezes. Passava os dias procurando pessoas e assuntos que me interessassem, gente com quem eu pudesse criar alguma intimidade. Convivi com bastante gente. Antes de chegar na Rússia fui pra Ucrânia, fiquei na casa de uma stripper, fui expulsa de lá, fotografei uma molecada da música eletrônica, fui numas festas doidas. Na Rússia, fotografei os bastidores de um cabaré e conheci uma domadora de pombas. Muitas experiências legais e outras nem tanto. Depois, peguei o trem pra Sibéria e fiquei doente, precisei ir pro hospital. No geral, tive bastante tempo pra ler Dostoiévski e pensar no meu trabalho, o que me fez enxergar a vida de um jeito totalmente diferente. O que nem sempre é fácil.

Quais são seus sonhos?
Quero poder sempre fotografar e colocar em prática os projetos que tenho na minha cabeça. Isso me coloca no mundo em um lugar que eu sempre quis estar!

Acompanhe Larissa Zaidan no Instagram!

 

Mari Cobra é diretora, roteirista e fotógrafa. Com um olhar característico para a potência feminina, seu trabalho retrata a beleza em sua essência. Além do documentário Nosso Sangue Nosso Corpo, é também autora do projeto Divinas, série de fotos analógicas dedicada a retratar a beleza de mulheres latino-americanas fora do padrão imposto pela sociedade

 

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