Nu brasileiro para exportação

A revista de arte erótica 'Nin' chega à terceira edição mais madura e pronta para dominar o mundo

18.05.2018  |  Por: Lia Bock

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Nu brasileiro para exportação

O feminismo com pitadas muçulmanas da artista Sarah Maple. Uma entrevista que aproxima sagrado e profano com o rabino e ativista ecumênico Nilton Bonder. A arte com o corpo idoso de Joan Semmel e um texto sexualmente ativo na terceira idade da escritora Elaine Kingett. E, ainda, um passeio pela luxúria iraniana com o escritor Joobin Bekhrad. Isso é só uma parte do recheio das 178 páginas da terceira edição da revista Nin – Naked For no Reason, que acaba de ser lançada.

Sarah Maple

Mais madura, a revista de arte erótica se firma no mercado como uma resistência de luxo ao conservadorismo crescente que proíbe mamilos e persegue artistas. Com mais conteúdo do que as edições anteriores, este terceiro exemplar é revelador e transformador. Questionadas sobre esse amadurecimento, Letícia Gicovate e Alice Galeffi, criadoras da revistas (e colaboradoras da Hysteria), afirmam: “Foi intencional. A primeira Nin foi bem intuitiva, estávamos ainda tateando o mercado e as possibilidades da revista, chegamos com delicadeza e uma certa ingenuidade. Na segunda edição a gente sentiu o desejo de criar uma revista mais provocadora, navegando por temas latentes. É a nossa filha mais rebelde, mais sintonizada com o momento do que com o nosso conceito original. Já a Nin 3 fomos decantando sem pressa, assim pudemos voltar ao que nos toca, investigar profundamente assuntos mais relevantes, como política e religião, e desenhar o caminho mais maduro que seguiremos a partir de agora.”

Gabriela Garcia

Mas é preciso deixar claro: consistência não não significa chatice intelectualóide. Ao mesmo tempo em que apresenta artistas provocadores e ainda desconhecidos do grande público brasileiro, como David Salle, Rodrigo Sombra e Anitta Boa Vida, a revista promove uma intensa discussão sobre a mulher. Desde a grávida estampada na capa – um ensaio-entrevista com a atriz Débora Nascimento –, passando por Eva e Lilith até a idosa com seu inseparável vibrador descrita por Elaine. Há dinamismo, nudez natural e importantes discussões e questionamentos nas páginas da Nin. E claro, há a beleza já esperada.

Julia Debasse

Está edição é bilingue como a primeira, mas traz o mesmo peso e destaque para os textos em português e em inglês. “Sempre tivemos um DNA internacional  e contamos com colaboradores do mundo todo. Mas a Nin é feita entre o Brasil (onde vive Alice) e a Inglaterra (onde mora Letícia), e dessa vez recebeu mais do que nunca artistas e escritores ingleses. Estamos circulando na Inglaterra, onde fomos acolhidas por um projeto de incentivo cultural criado pela União Européia – infelizmente algo impensável para uma revista de arte erótica no Brasil”, contam Letícia e Alice.

Que venham as edições e outras línguas também. Porque se é pra exportar corpo nu, que seja desse jeitinho.

Nin #3

A Nin pode ser adquirida no site da editora Guarda-chuva e também em algumas livrarias como a Travessa (no site com entregas em todo Brasil).

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