O melhor da Feira Plana

Selecionamos os destaques do principal evento de publicações independentes da América Latina

27.03.2018  |  Por: Taina Nogueira

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O melhor da Feira Plana

A Feira Plana nasceu feira, mas amadureceu e se tornou um festival. Mais precisamente o principal evento de publicações independentes da América Latina. Entre 23 e 25 de março, a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, recebeu uma mostra de cinema, um ciclo de palestras e, claro, exposições de artistas contemporâneos.

“Fizemos parcerias com instituições culturais de vários países para contar como é fazer uma publicação fora do Brasil”, diz Bia Bittencourt, 33 anos, idealizadora e curadora do evento, que agora tem o nome de Plana Festival Internacional de Publicações de São Paulo.

A Plana surgiu em 2013, inspirada pela NY Art Book Fair, uma tradicional feira nova-iorquina de publicações independentes do mundo inteiro. “Eu voltei de Nova York com essa ideia na cabeça, de fazer uma feira, então desenhei um projeto. Foi tudo meio intuitivo”, conta Bia.

Depois de quatro anos no Museu da Imagem e do Som (MIS), Bia optou por um modelo mais itinerante e experimental. Em 2017, o evento aconteceu no Pavilhão da Bienal e reuniu 18 mil pessoas. Neste ano, o festival teve uma curadoria coletiva para a parte de exposições e palestras. A tarefa ficou por conta de 20 artistas, editores e gestores culturais. “Cada pessoa desenhou uma atividade, e funcionou muito bem.”

Com o tema Volta ao Nada, a sexta edição da Plana recebeu 200 expositores nacionais e internacionais nos galpões e no jardim da Cinemateca, um antigo prédio paulistano onde, no século passado, funcionava um matadouro. “É um lugar lindo da cidade, mas pouco utilizado”, diz Bia.

A mostra de cinema, outra novidade desta edição, trouxe obras de artistas de destaque internacional como Chris Marker, Paul Morrissey, Harun Farocki e Adrei Ujica, entre outros. Batizada de Cinema Zero, a programação de filmes da Plana se estende até o dia 1o de abril e é de graça para os visitantes.

Um dos momentos marcantes do festival foi a performance de artistas inspirados pelo livro Recusa do Não-Lugar, de Juliano Garcia Pessanha, lançado na Plana pela Ubu Editora. “Foi necessária uma segunda sessão, tamanho o interesse do público”, diz Bia.

Hysteria passeou com olhar atento pelos corredores do festival, conversou sobre os expositores com a curadora e traz aqui alguns destaques que merecem a nossa atenção.

Editora Criatura (Brasília)

A Criatura é uma editora independente de zines de fotografia, que produz também edições de desenhos, colagens e serigrafias. O fotozine 1980, de Sônia Freitas, reúne imagens feitas na década de 80 pela mãe da artista. Em um processo de redescoberta dessas fotografias, a edição do zine é uma nova leitura dessas memórias. “A Criatura prioriza o zine no formato A5, xerocado, preto e branco. Eu acho muito interessante, porque mantém essa essência da fotocópia”, comenta Bia.

No facebook: Editora Criatura
No Instagram: @editoracriatura

 

Editora Madalena (São Paulo)

A Editora Madalena é especializada em publicações de fotolivros. Neste ano, apresentou Plano, Seco e Pontiagudo, de Mônica Zarattini. O livro é resultado de dois ensaios documentais realizados no sertão da Bahia, um em 1989 e outro em 2016, quando a artista reencontrou pessoas que havia fotografado 27 anos antes. “Eles são uma das editoras mais importantes de fotolivro no Brasil. Todos os anos seus livros estão no Paris Photo”, diz a curadora.

No Facebook: livraria madalena
No Instagram: @livrariamadalena

 

Vânia Medeiros (São Paulo)

O trabalho de Vânia Medeiros se materializa em diversos formatos, especialmente livros, instalações e intervenções urbanas. Na Plana, ela lançou o terceiro zine da série Férias, pela Conspire Edições, com desenhos de suas viagens pela Alemanha e Turquia.

No Instagram: @vaniamedeirosss
Na Cargocollective: Conspire Edições

 

Rollo Press (Suíça)

Urs Lehni, da Rollo Press, se dedica a publicar pequenas tiragens de livros e revistas em processos gráficos elementares. Em sua segunda edição, a revista Nice mostra diferentes formas de cultura de rua, música, mídia e moda da Costa do Marfim. Dias antes da Plana, Urs e Bia fizeram uma viagem de pesquisa para Juazeiro do Norte. “A gente fez uma residência no Cariri, visitamos os artesãos locais que trabalham com a matéria impressa, cordelistas e os fotopintores. Dessa experiência vai sair um livro”, conta Bia.

No Instagram: @hammer

 

Vibrant (São Paulo)

A Vibrant é uma editora de publicações independentes que trabalha no campo das artes visuais e da fotografia. Terra Rara, da Isadora Brant, é um diário de fotos que descrevem os 1.055 km que a artista percorreu pelo sertão do Ceará. “A Isadora foi a artista convidada do ano para fazer a identidade visual da Plana, todas as imagens de programação e fotografias que a gente usou são dela”, diz Bia.

No Facebook: Vibrant editora
No Instagram: @vibranteditora

 

Editora Mentirinha (Rio de Janeiro)

Um dos zines que a editora carioca Mentirinha expôs na Plana foi Y, de Beatriz Lopes. A publicação é primeira de uma série chamada CMYk, baseada naquilo que ela chama de “pequenos sistemas”. Neste projeto, a artista tirava fotos fazendo xixi e postava numa conta fechada do Instagram. Todas as imagens contavam com intervalos de tempos pré-definidos e foram postadas em tempo real. “A Mentirinha faz zines bem subversivos e traz uma discussão interessante sobre feminismo”, diz Bia.

No Facebook: Editora Mentirinha
No Instagram: @editoramentirinha

 

Are you a cop or what? (Argentina)

Are You a Cop or What? é um projeto de fanzines do artista Juan Pablo que surgiu em Buenos Aires, em 2012. Inclui ensaios, fotos e colagens como ferramentas de “anti-discurso hegemônico”, como ele define. “Eles têm um trabalho muito legal e importante de mapeamento de publicações na América Latina”, Bia completa.

No Facebook: AYACOW fanzine
No Instagram: @ayacow.xyz

 

Microeditorial Amistad (Chile)

A Amistad é uma micro-editora colaborativa e feminista que lançou na Plana o zine “VÊNUS I”, do coletivo Granada. A publicação reúne imagens feitas por quatro fotógrafas. Nesse trabalho, elas caminharam pelas ruas em busca de mulheres que expressam suas diferenças e manifestam suas discordâncias com a sociedade, “fugindo do patriarcado, estereótipos e cânones estabelecidos por séculos”, como elas definem.

No Instagram: @editoralamistad

Editora Gris (Salvador)

A Gris é uma editora independente que produz fotolivros, lambes, zines e pequenos impressos, sempre misturando recursos gráficos de impressão e acabamentos artesanais. No fotolivro Membrana Celular, da artista Thamires Tavares, as fotografias sintetizam vivências e questionamentos da vida contemporânea na cidade de São Paulo.

No Facebook: Editora Gris
No Instagram: @editoragris

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