Por mais mulheres negras no cinema nacional

De 1970 até 2016, só 2% dos filmes nacionais de grande bilheteria foram dirigidos por mulheres  — todas brancas. Desde a divulgação da estatística, uma plataforma vem reunindo perfis de cineastas negras para ampliar sua presença no audiovisual brasileiro  

16.01.2018  |  Por: Taina Nogueira

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Por mais mulheres negras no cinema nacional

Foto: Alile Dara Onawale

Uma plataforma que reúne perfis de mulheres negras que atuam no cinema nacional. De diretoras, roteiristas e atrizes a dubladoras, continuistas, animadoras, entre outras funções do mercado audiovisual. Elas podem ser localizadas por função, nome ou estado onde vivem. Estão reunidas na plataforma  Mulheres Negras no Audiovisual Brasileiro, um site vivo, ou seja, em constante atualização desde sua criação, em 2016. O objetivo: ampliar a participação delas no cinema do país, cuja cara é masculina e branca.

E não somos nós que estamos dizendo. Uma pesquisa feita pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), comprovou o perfil dos realizadores do cinema nacional.  O estudo analisou filmes com grande público, ou seja, que foram vistos por mais de 500 mil espectadores, entre os anos de 1970 e 2016. De pornochanchada a comédias na linha blockbuster.

De acordo com a pesquisa,  85% dos cineastas responsáveis pelos filmes eram homens brancos. Outros 13% eram também homens, mas, sobre eles, não se conseguiram informações étnicas. Mulheres? Apenas  2% — e todas brancas. Não, não havia sequer uma mulher negra. E aqui é bom relembrar que o Brasil é um país cuja população é, segundo dados do IBGE,  54% negra.

Entre os roteiristas, só 8% eram mulheres e somente uma delas era negra: Julciléa Telles. Ela assinou o roteiro da pornochanchada  A Gostosa da Gafieira junto com Roberto Machado.

E o que isso significa? Que além de não haver espaço para a diversidade, estamos assistindo a uma visão bem unilateral de nós mesmos.

Por isso a plataforma é útil e necessária. Surgiu da colaboração de outro coletivo feminista, o PrograMaria, que, entre outras ações, ensina programação e desenvolvimento de tecnologia para mulheres. O Mulheres Negras no Audiovisual  Brasileiro nasceu de uma atividade desse tipo.  A plataforma é colaborativa, traz um perfil detalhado sobre cada uma das profissionais, além de referências sobre o cinema negro protagonizado por mulheres, oficina de roteiro e outros temas relacionados à produção de conteúdo para nosso cinema.

Melhor que isso só se abrangesse também outros mercados. 

 

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