Por que é importante uma marca de barbeadores mostrar os nossos pelos na Times Square?

Como uma empresa está quebrando um paradigma com o primeiro comercial que mostra mulheres depilando fios reais

28.06.2021  |  Por: Mariana Caldas

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Por que é importante uma marca de barbeadores mostrar os nossos pelos na Times Square?

A Billie foi a primeira marca de barbeadores femininos do mundo a incluir os pelos das mulheres nos icônicos Billboards da Times Square, no feed, no youtube, no metrô, e mais importante do que tudo: em uma campanha de barbeadores femininos. Um feito e tanto que foi comemorado e celebrado pelos principais meios de comunicação como uma real mudança de paradigma para o mercado.

Eu não deixo de pensar que toda e qualquer decisão de uma marca está diretamente relacionada ao seu objetivo básico e simples que é vender, mas acredito realmente que sempre que um debate político alcança os grandes meios de comunicação, e principalmente, começa a pautar o mercado, nós saímos vitoriosas. Porque intenções à parte, quanto mais pessoas são impactadas com novas ideias e possibilidades, mais chances nós temos de construir o futuro que a gente acredita, expandir consciências e olhares.

O case da Billie mostra de forma cristalina que quando uma marca tem coragem de se posicionar de forma autêntica e original ela ganha. Prêmios, reconhecimento, mídia espontânea. Clientes também. Além de ter uma direção criativa super política, e que conversa com o seu tempo, a Billie também se posiciona em relação a outros assuntos muito relevantes como a “pink tax”. Ela é uma das poucas marcas que não cobra a famosa taxa que deixa todos os produtos femininos um pouco mais caros que os masculinos. 

Se pensarmos que a maioria das mulheres ainda ganha menos do que os homens, isso quando não são dependentes financeiramente, a “pink tax” é sim um assunto que precisa ser colocado em pauta. E quando uma marca cria um produto pensado para o nosso corpo, para as nossas curvas e para nossas necessidades, e ainda se posiciona politicamente a favor dos direitos das mulheres eu acredito um pouco mais no futuro.

Eu acredito no futuro que as mulheres podem ser quem elas são. Com pelo ou sem pelo. De preferência sem taxas. No futuro que eu já gostaria de estar as mulheres já não precisam mais só contar as suas próprias histórias, elas contam todas as histórias. Elas ocupam todos os lugares, são presidentes do mundo, dirigem os comerciais de carros e os de cuecas. São chamadas para fotografar todas as capas, e não só aquelas de março. E convidadas para participar de todos os projetos, não só daqueles que vão mostrar como somos tão impressionantemente talentosas, inspiradoras e “multi-maravilhosas”.

E acho que se já passamos do dia em que os pelos do dedão do pé apareceram em pleno metrô de Nova York, é porque estamos no caminho certo. Que seja presente, o futuro!

Mariana Caldas é diretora, fotógrafa e jornalista, seu trabalho autoral investiga e revela a natureza selvagem que vem de dentro.

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