Quem tem medo da tecnologia?

Conheça projetos e iniciativas que atuam para aumentar a porcentagem de minas trabalhando com desenvolvimento, programação e engenharia de software

05.08.2019  |  Por: Amanda Lira

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Quem tem medo da tecnologia?

Existiu um tempo em que quando aparecia uma questão tecnológica qualquer as mulheres balançavam a cabeça e se afastavam, como se aquilo não fosse pra elas. Não que nos falte habilidades para lidar com o mundo hightech, foi uma construção social que nos afastou desse (e de muitos outros) universos. Fato é que o setor foi se masculinizando e como mostram os dados ainda somos singela minoria nestes setores. Uma pesquisa feita pelo Serasa Experian em parceria com a ONU Mulheres aponta que apenas 18% dos programadores no mercado de trabalho são mulheres. E a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do IBGE, diz que 15% dos alunos dos cursos de Ciências da Computação e Engenharia são mulheres.

A desvalorização da mão de obra feminina na tecnologia é tão significativa, que coloca a profissão no topo da disparidade salarial entre os gêneros. Um levantamento feito em 2017 a partir dos dados disponíveis na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), base do Ministério do Trabalho, aponta uma diferença de 11% no salário pago a homens e mulheres. Em empresas de outros ramos gira em torno de 2%.

Mas não é porque existem barreiras que vamos nos conformar com isso. Não é mesmo? E no que depender das iniciativas atuais, este cenário esta com os dias contados. Hoje, cada vez mais empresas buscam equilibrar o número de funcionários entre o sexo masculino e feminino. Além disso, projetos de incentivo às mulheres na tecnologia surgem com cada vez mais frequência como forma de apoio e capacitação para abrir espaço tanto em grandes empresas, como no empreendedorismo individual.

A WoMakersCode nasceu justamente dessa necessidade de buscar o protagonismo feminino. Para elas, não é somente conteúdo técnico que pode favorecer a mudança, é preciso ter também uma imersão de autoconhecimento. Cynthia Zanoni, fundadora do projeto, apontou algumas barreiras que percebeu dentro do mercado de trabalho para mulheres na tecnologia. São elas o fato de muitas empresas não compreenderem o significado e a importância da criação de um ambiente inclusivo e a falta de autoconhecimento para saber qual área em TI seguir, já que muitas passam pelo momento de iniciação na área, porém poucas veem como uma carreira que pode mudar suas vidas. Além de promover eventos, o projeto também realiza cursos e workshops de capacitação profissional, inclusive para aquelas que não possuem experiência.

Uma forma de ocuparmos o espaço nesta área é participando dos hackathons

Outro projeto que também viabiliza o desenvolvimento de mulheres na tecnologia é o Desprograme. Cristina Luz, desde sua época na faculdade, sentiu que precisava incentivar e encorajar outras mulheres a também seguir seus desejos, principalmente se tratando de programação e desenvolvimento. Como desenvolvedora full stack, Cristina criou o Desprograme inicialmente como um blog e dois anos depois também desenvolvendo cursos, eventos e workshops, sempre voltados para a democratização do conhecimento e da tecnologia.

Existem diversos projetos e cursos abrindo caminho para as mulheres na tecnologia. Gente que está com a picareta na mão e disposto a puxar uma fila de mulheres para este território que (disseram) não deveríamos ocupar. O PretaLab, dá visibilidade ao protagonismo de mulheres negras e indígenas nos campos de inovação e tecnologia. O Programaria tem cursos voltados exclusivamente às mulheres que desejam aprender programação e descobrir o mundo dos códigos. O Olabi tem uma frente de empoderamento feminino. O Minas Programam é voltado para criação de oportunidades na área de programação para meninas e mulheres, priorizando negras e indígenas.

E tem muio mais! Nesta reportagem do Ada.vc há até um mapa mostrando a localização de diversas iniciativas voltadas para mulheres.

Uma forma de ocuparmos o espaço nesta área é participando de eventos nacionais de grande porte, como hackathons (maratonas de desenvolvimento tecnológico), por exemplo. Além de poder ser uma boa porta de entrada para o mercado de trabalho, ajuda a desenvolver e descobrir novas habilidades. Segundo Abraão Sena, COO da Shawee, empresa de tecnologia que investe em hackathons pelo Brasil, as inscrições de mulheres estão aumentando gradativamente. Isso deve-se ao fato delas se sentirem cada vez mais à vontade e confiantes de participarem de eventos de grande porte e mostrar suas habilidades.

Nós podemos e devemos estar em todos os espaços. Desenvolvimento, programação e engenharia de software são só alguns exemplos das possibilidades na tecnologia. Projetos que incentivam as mulheres a crescer devem ser valorizados e nós temos que usufruir das possibilidades à nossa disposição. Quem sabe, de repente, você nãose anima e encara o front-end?

Amanda Lira é jornalista, escritora independente e está buscando seu espaço no mundo

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