Tecnologia a serviço do corpo da mulher

Saúde, prazer, autoconhecimento, tabu. O mundo ainda resiste, mas já tem muita gente levando a mulher para a pauta high-tech – já não era sem tempo!

15.05.2019  |  Por: Natália Carvalho

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Tecnologia a serviço do corpo da mulher

Vitória Cribb | Piscina

Menos de 5% das mulheres falam com seus ginecologistas sobre suas condições sexuais e sua intimidade. O dado alarmante vem da Reproductive Health Investors Alliance. Ao mesmo tempo que mais de 60% delas sentem dor ao transar e não relatam isso a seus parceiros e que 42% estão criando desculpas para evitar relações sexuais. Estamos em 2019 e essas pesquisas são todas recentes.

Não é à toa que festivais como o SXSW têm dedicado bastante espaço para essas questões. Porque existem muitos dados assustadores e questionamentos, mas existe também muita tecnologia sendo desenvolvida para ajudar a mudar esses cenários.

A cortina de fumaça que se colocou em torno desses assuntos é grave e não se sustenta para as próximas gerações, que já estão mais deliberativas em seus discursos de empoderamento do corpo. E existem muitas empresas se tocando de que há latentes oportunidades de negócio no segmento. Ouvi de startups que estão testando vibradores mais adequados ao corpo feminino, e também sobre programas de fertilidade, com especialistas dispostos a fazer trabalhos mais individuais.

E o tema chegou às grandes corporações. Mary Carmen Gasco-Buisson, representante da Procter & Gamble no SXSW 2019, apresentou a PEPPER E WITS, uma linha avançada de produtos para mulheres entrantes na menopausa. Desde cremes com reposição de estrogênio e composições especiais para ajudar na qualidade do sono, até cápsulas para lubrificar a vagina.

Muito embora todas essas iniciativas estejam se desenrolando (e que ótimo pra nós que seja assim), ainda temos um inimigo comum: a publicidade. Todos estão de acordo que ela ainda simboliza alguns conflitos da própria sociedade sobre o “lugar” da mulher.

Não precisa ir longe. Basta reparar nos anúncios de produtos que favorecem o desempenho sexual masculino, vide Viagra e Boston Medical Group, que nos alcançam muito mais que do que qualquer iniciativa ou produto relacionado à saúde e à sexualidade das mulheres.

Outro exemplo é a própria ferramenta de anúncios no Facebook. Segundo conta Colette Courtion, CEO da JoyLux, enquanto a plataforma aprova de imediato anúncios referentes à disfunção erétil masculina, os conteúdos da sua marca que relacionam mulheres e sexualidade são reprovados com frequência. São considerados inapropriados para circular nas redes. Ela exibiu alguns anúncios e constrangeu a plateia com a falta de sentido para o veto.

Essa discussão entra também no contexto dos mamilos e sua visão histórica que é reforçada pela redes sociais atuais. Mas para não divagar muito sobre o tema, fica a percepção de que a normalização das necessidades do corpo feminino precisa partir de nós, que conhecemos nossas restrições e potencialidades. Não é verdade? Precisamos buscar nossos direitos de usufruir dos tantos avanços tecnológicos na área da saúde como bem entendermos.

Uma força-tarefa é trazer cada vez mais os temas para nossos círculos de amizade, para os nossos médicos e nossos filhos e filhas. Acredito que as próximas gerações devem estar munidas de muita informação para vidas mais plenas, aquelas que gostaríamos de ter tido nós mesmas.

 

Natália Carvalho é coordenadora de projetos de social content e novos formatos da Conspiração

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