Uma diretora de cinema para cada país da Copa 2018 | Grupo F
Conheça realizadoras de Alemanha, Coreia do Sul, México e Suécia
22.06.2018 | Por: Ligia Maciel Ferraz
Continuando a série que apresenta diretoras mulheres de cada país dos grupos da Copa do Mundo, vamos agora para o Grupo F.
Alemanha

Maren Ade nasceu em Karlsruhe, na Alemanha Ocidental, e começou a fazer seus primeiros curtas ainda na adolescência, indo mais tarde estudar na Universidade de Cinema e Televisão de Munique, onde realizou A Floresta das Ilusões (2003), premiado no Festival de Sundance.
Seu trabalho mais relevante é Toni Erdmann (2016), sobre um pai que tenta se reconectar com a sua filha já adulta fazendo-a relaxar um pouco da vida séria que leva. O filme, vencedor de 53, prêmios concorreu a Melhor Filme Estrangeiro e no Oscar e no Globo de Ouro e terá uma versão americana estrelada por Kristen Wiig e Jack Nicholson.
Em entrevista ao Hollywood Reporter em 2016, foi perguntada sobre a dificuldade de equilibrar o nascimento do segundo filho com a realização desse filme:
“O que ajudaria muito essa discussão de gênero seria começar a fazer aos colegas do sexo masculino a mesma pergunta. Acho que também conseguiríamos respostas muito interessantes dos meus colegas homens — como eles combinam a vida familiar com os empregos. (…) Há muito pouco tempo para a vida privada, mas como sou minha própria produtora, tive a possibilidade de organizar a coisa toda o mais perfeita possível para meus dois filhos e minhas necessidades.”
Maren Ade, além de produzir seus próprios filmes, também foi coprodutora de outros filmes alemães e do cinema internacional, como o uruguaio Tanta Água (2013) e mais recentemente o chileno Uma Mulher Fantástica (2017), vencedor do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar.
Coreia do Sul

Yim Soon-rye nasceu em Inchon, na Coreia do Sul, e se formou em Literatura Inglesa com mestrado em Teatro e Cinema pela Universidade de Hanyang, tendo outro mestrado em Estudos de Cinema pela Universidade de Paris 8.
Quando lançou seu primeiro longa, Three Friends (1996), foi apenas a sexta cineasta mulher em toda a história do cinema coreano. Em seus filmes, costuma explorar histórias de mulheres e de pessoas marginalizadas. Fora das telas, lidera um grupo de proteção animal.
O Momento para Sempre (2008), sucesso de bilheteria e vencedor de seis prêmios, foi baseado na história verídica da equipe sul-coreana de handebol feminino das Olimpíadas em Atenas, que precisou enfrentar o machismo e várias complicações econômicas e pessoais.
O documentário que dirigiu e produziu, Keeping the Vision Alive (2001), traz depoimentos de diretoras de cinema coreanas que falam abertamente sobre suas experiências e resistências em uma indústria cinematográfica conservadora dominada pelos homens.
México

Natalia Almada nasceu em Sinaloa, no México, e tem mestrado em Belas Artes em Fotografia pela Escola de Design de Rhode Island.
Tanto em seus documentários quanto nas ficções, trabalha um cinema experimental que aborda de forma poética, íntima e pessoal a história, cultura e política mexicanas; como é o caso do documentário El General (2009), em que explora a ambiguidade entre história e memória sobre seu bisavô, controverso presidente mexicano Plutarco Elias Calles (1924–1928). É possível assistir ao documentário e a outros trabalhos da cineasta em seu canal do Vimeo.
Inspirada pela ideia de Hannah Arendt de que a burocracia é uma das piores formas de violência, seu mais recente filme, Todo o Resto (2016), aborda de forma lírica a vida interior da protagonista de 63 anos.
Suécia

Suzanne Osten nasceu em Estocolmo, na Suécia. Estudou Arte, Literatura e História na Universidade de Lund, onde iniciou sua carreira como diretora de teatro. Foi pioneira no desenvolvimento teatral para crianças e fundou uma das primeiras companhias de teatro da Suécia.
Assim como suas produções teatrais, seus filmes abordam questões políticas, como The Guardian Angel (1990), vencedor no Prêmio do Cinema Europeu, baseado nos tumultos e nas demandas pela democracia no início do século XX na Suécia; e também Speak Up! It’s So Dark… (1993), sobre a onda neonazista que aconteceu na Suécia nos anos 80 e 90 e sua ligação com o desemprego entre os jovens.
Seu filme mais recente, The Girl, the Mother and the Demons (2016), conta a história de uma garota que precisa lidar com as oscilações de humor e explosões bizarras da mãe, sofridas por conta de problema de saúde mental.
A cineasta também já anunciou seu próximo trabalho. Irá dirigir Sixty-Four Minutes with Rebecka, roteiro de Ingmar Bergman, que já havia tentado viabilizar o filme com Federico Fellini e Akira Kurosawa. A história é sobre uma jovem mulher grávida, professora de crianças com deficiência auditiva, que entediada com sua existência anseia por libertação sexual e social.
Ligia Maciel Ferraz é escritora radicada em Atenas, na Grécia. Formada em Comunicação Social – Cinema e Vídeo pela Unisul, em Florianópolis, escreve sobre feminismo, cinema e literatura. Confira seus textos aqui
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