Uma diretora de cinema para cada país da Copa 2018  |  Grupo D

Conheça realizadoras de Argentina, Croácia, Islândia e Nigéria

20.06.2018  |  Por: Ligia Maciel Ferraz

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Uma diretora de cinema para cada país da Copa 2018  |  Grupo D

Continuando a série que apresenta diretoras mulheres de cada país dos oito grupos da Copa do Mundo, seguem cineastas do Grupo D.

Argentina

 

 

Lucrécia Martel nasceu em Salta, no norte da Argentina. Formada na Escola Nacional de Cinema (Enerc) em Buenos Aires, ela iniciou sua carreira como diretora de curtas, entre eles Historias Breves I: Rey Muerto (1995), premiado internacionalmente. Ainda nos anos 90, dirigiu para a TV séries documentais e programas infantis, sendo prestigiada pela mídia argentina por seu humor negro incomum.

Seu cinema autoral explora a mente perturbada dos personagens. O Pântano (2001), filme em que assina roteiro e direção, premiado no Festival de Sundance, conta a história de duas famílias que vivem em Salta, mesma cidade onde nasceu a cineasta. Seu mais novo longa, Zama (2017), adaptação do livro homônimo de Antonio Di Benedetto escrito em 1956, explora o colonialismo e o racismo da América no fim do século XVIII.

Em entrevista ao El País, quando perguntada se vivemos em uma ditadura do entretenimento, Lucrécia Martel respondeu:

“Sim. E as séries de televisão aprofundaram nisso. Estou sempre falando das séries com espanto porque as pessoas não se dão conta de que são um retrocesso. A televisão melhorou, claro. Basta comparar Dallas com Breaking Bad. Mas em termos narrativos de imagem e som, o que se tinha conseguido já com documentários e certos filmes era mais rico do que o que estão fazendo nas séries, que são mais uma vez o argumento puro, uma estrutura mecânica e do século XIX, por mais que seja bem feita. As séries nos devolveram o romance do século XIX. É fruto do momento conservador que estamos vivendo. Se arrisca menos.”

Croácia

 

 

Ivona Juka é croata e montenegrina. Roteirista e diretora, iniciou sua carreira com curtas-metragens, entre eles os premiados Garbage (2004), Editing (2006) e View From a Well (2011).

Foi selecionada pela Academia de Cinema Europeu como uma das cinco estudantes europeias a fazer um curta para a cerimônia de premiação em Berlim, e para participar da conferência Cinema do Amanhã, em Varsóvia, como uma das diretoras jovens mais promissoras da Europa.

Autora do documentário croata mais premiado, Facing the Day (2006), Ivona Juka dirigiu o primeiro filme croata exibido na Netflix, O Vento nas Suas Costas (2015), que conta a história de três personagens femininas fortes lutando por aceitação, redenção e novas oportunidades.

Islândia

 

 

Isold Uggadottir estudou na Escola de Artes Tisch, na Universidade de Nova York, e fez mestrado na Escola de Artes da Universidade de Columbia.

Inspirada em Andrea Arnold, sempre se interessou pelo cinema. Na adolescência documentava tudo ao seu redor com uma câmera Super-8. Sem equipamento de edição, costumava tocar música clássica dramática durante as gravações para enfatizar a emoção que estava tentando criar.

Além de dirigir, editou, roteirizou e produziu todos os seus curtas, sendo possível assitir ao premiado Committed (2009) no seu canal do Vimeo.

Seu longa de estreia, And Breathe Normally (2018), exibido no Festival de Sundance, conta a história do vínculo íntimo entre duas mulheres, ambas tentando colocar suas vidas de volta nos trilhos. Em entrevista à Variety, falou a respeito do interesse em contar história sobre mulheres:

“Eu me sinto atraída a contar histórias de mulheres, muitas vezes minorias ou mulheres fracas, e estou particularmente interessada em narrativas ficcionais imbuídas de um senso de realismo social  —  sexualidade, confiança, vício, colapso econômico.”

Nigéria

 

 

Tope Oshin é uma premiada profissional de cinema e TV. Estudou Artes Teatrais, TV e Produção de Cinema na Universidade Estadual de Lagos, na Nigéria, e mais tarde Técnicas de Cinema e Metodologias na Escola de Cinema do Colorado, nos Estados Unidos.

Diretora, roteirista, produtora e diretora de elenco, dirigiu 350 episódios da maior novela africana, Tinsel (2009–2012); a série da MTV Shuga (2009– ), que conta com Lupita Nyong’o no elenco; curtas-metragens, entre eles The Young Smoker (2011), disponível no seu canal do Vimeo; além de longas e documentários. Produziu também alguns dos maiores sucessos nigerianos, incluindo Fifty (2015) e The Wedding Party 2: Destination Dubai (2017).

Parte da nova geração de cineastas nigerianas que estão reinventando Nollywood (a indústria cinematográfica da Nigéria), Tope Oshin produziu e dirigiu o documentário Amaka’s Kin: The Women Of Nollywood (2016), uma homenagem à diretora nigeriana Amaka Igwe, falecida em 2014, e que aborda questões enfrentadas por diretores nigerianas trabalhando em uma indústria dominada por homens.

 

Ligia Maciel Ferraz é escritora radicada em Atenas, na Grécia. Formada em Comunicação Social – Cinema e Vídeo pela Unisul, em Florianópolis, escreve sobre feminismo, cinema e literatura. Confira seus textos aqui 

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